Me chamo Gulia, tenho 32 anos, promotora.
Nasci numa família pobre, morávamos numa favela muito "temida", por suas histórias e lendas...
Quando eu tinha 6 anos, perdi meu pai.
Aliás, pai no sentido biológico, porque nunca foi presente na minha vida, minha mãe teve que fazer o papel de "mãe-pai" na família. Completei 9 anos, e tive que começar a trabalhar para ajudar em casa, minha mãe acabara de ficar desempregada, e o máximo que conseguia, era um "bico" de babá ou de doméstica, e o que conseguia ao final do mês não passava de uns 200 reais.
Minha mãe pediu que eu entrasse na escola não com fins "educacionais", mas por ganhar um dinheiro extra de um programa do governo (tadinha, também não a culpo de não saber o que era educação, até porque ela é analfabeta, e o máximo que sabe fazer é escrever o próprio nome).
Só que com essa oportunidade de estar na escola, comecei a me interessar pelos estudos, e o que mais me alegrava era a facilidade de assimilação que eu tinha em sala de aula, pois eu não tinha tempo para estudar em casa, e o que me restava era aprender no colégio...
Passaram-se 6 anos, e eu estava na 7 série, bem atrasada nos estudos, mas como eu tivera começado atrasada, não estava me "martirizando" por algo que não tinha mais jeito. Minha professora me deu a conclusão do Ensino Fundamental na 7 série por um ótimo rendimento escolar.
Terminei o meu 3º ano do Esino Médio com 19 anos, e pensei (infelizmente só pensei) em cursar uma faculdade, mas meu destino naquele momento não era esse...
Minha mãe adoeceu, e tive que cuidar dela por 1 ano e meio até que sua saúde tivesse melhorado, então retomei a vontade de cursar uma faculdade. Faculdade? Mas de que? Eu não tinha muitas informações sobre o Ensino Superior, e decidi pesquisar.
Depois de muito tempo na biblioteca estadual vi de longe, um livro muito grande, de capa vermelha, na seção de Direito - Direito Social, peguei-o mas não entendi muito, pois era de uma linguagem mas específica para quem cursava direito, fui até uma "lan-house", em um site de pesquisa descobri que Direito Social é um ramo na área de Direito que "têm por objetivo garantir aos indivíduos condições materiais tidas como imprescindíveis para o pleno gozo dos seus direitos, por isso tendem a exigir do estado intervenções na ordem social segundo critérios de justiça distributiva", entendi no geral que era algo que defendia a garantia do agir governamental perante as leis que asseguravam a sociedade.
A área de Direito me agradava muito, mas em meu íntimo, não era aquilo que me interessava, mesmo assim decidi apostar no futuro, e entrei em um cursinho pré-vestibular, com bolsa integral que o colégio tivera me dado, pelos meus bons redimentos na escola.
Estudei muito, muito mesmo, apesar das dificuldades financeiras, consegui sim passar no vestibular.
Me formei, exerci a profissão de advogada por alguns anos, e depois fiz um concurso para promotora, no qual eu passei, e hoje exerco esta profissão.
Hoje, sei que sem estudo, uma pessoa não vai a lugar algum, decidi mudar minha vida, decidi mudar a minha história, fui motivo de orgulho perante minha mãe e minha família que no olhar de muitas pessoas, seriamos mais uma estatística de pobreza sem espectativa de vida alguma, mas aqui estou eu, para acabar com qualquer pré-conceito que nos acercam.
sábado, 13 de novembro de 2010
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
gramática.
Gosto muito de escrever, mas sempre tive uma dificuldade enorme na gramática , aliás, mas especificamente ainda, nas pontuações, acentuações, crase, ponto-e-vírgula, etc...
O que me deixa mais nervoso é a quantidade de vírgulas que eu ponho em meus textos, meu maior pecado é o excesso de vírgulas, simplificadamente, todo o meu texto é cheio de vírgulas, não sei a partir de que ponto é erro colocar muitas vírgulas. Pronto, agora escrevo com angústia por ter escrito esse "a partir", porque já não sei se no "a" tem crase ou não (talvez não tenha de jeito nenhum, e a minha neura esteja querendo colocá-lo), e agora fiquei mais NERVOSO ainda porque não sei se o "porque anterior" é separado, junto, ou com acento, e nesse instante acabo de escrever outro, com as mesmas dúvidas do anterior. Meu texto está ficando um pouco confuso não é? Mas ainda não consegui entrar num concensso de onde eu possa estar usando o ponto-e-vírgula ; colocá-lo ai seria um erro gramatical? E a palavra sucessora ao ponto-e-vírgula começa com letra maiúscula ou minúscula? Céus!
O que me deixa mais nervoso é a quantidade de vírgulas que eu ponho em meus textos, meu maior pecado é o excesso de vírgulas, simplificadamente, todo o meu texto é cheio de vírgulas, não sei a partir de que ponto é erro colocar muitas vírgulas. Pronto, agora escrevo com angústia por ter escrito esse "a partir", porque já não sei se no "a" tem crase ou não (talvez não tenha de jeito nenhum, e a minha neura esteja querendo colocá-lo), e agora fiquei mais NERVOSO ainda porque não sei se o "porque anterior" é separado, junto, ou com acento, e nesse instante acabo de escrever outro, com as mesmas dúvidas do anterior. Meu texto está ficando um pouco confuso não é? Mas ainda não consegui entrar num concensso de onde eu possa estar usando o ponto-e-vírgula ; colocá-lo ai seria um erro gramatical? E a palavra sucessora ao ponto-e-vírgula começa com letra maiúscula ou minúscula? Céus!
sábado, 18 de setembro de 2010
Como? Onde? Porque? Quem? Quando? - O que fiz...
Maracá, 24 de dezembro de 2008.
A polícia foi acionada, eram nove horas da noite, e a rua estava lotada, de longe via-se o tumulto causado por uma batida de carro.
Indentificado 4 pessoas em um carro, somente 2 sobreviventes, no outro carro apenas uma pessoa, morta.
Depois de indentificar cada pessoa, a família dos mesmos são chamadas para o local, para cada um tomar providência do que seria feito com cada pessoa morta, e o acompanhamento dos sobreviventes.
- Mãe? O que a senhora está fazendo aqui? Porque a senhora chora? Fala comigo, porque não me ouve?
- Salve-o, ele é tudo que tenho na vida. - gritava uma mãe ao chão, desesperada.
- Salvar quem mãe? Mãe, porque não me ouves? Porque mãe? - aos gritos.
Maracá, 25 de dezembro de 2008.
Jornal do dia:
08:34.
Um grupo com 4 jovens voltava de uma festa quando bateram em outro carro, duas pessoas morreram no exato momento, outros dois estão em estado grave na UTI do Hospital Geral de Maracá. No outro carro, só tinha um rapaz, que morreu na batida.
19:30.
Porque meu Deus, porque tenho que passar por isto? - falava e chorava uma mãe, por causa da perda de um filho.
- Mãe, por que não fala comigo, porque não olha pra mim? - chorava seu filho enquanto falava.
- Ela não lhe ouve.
- Quem está falando comigo?
- Nós sofremos um acidente, e não sobrevivemos...
- Como? Eu estou morto? Não pode, cheguei em casa do trabalho, e dormi, quando acordei, estava na rua aqui em frente com minha mãe chorando ao meu lado.
- Nós estávamos voltando de uma festa quando perdemos o controle do carro e batemos no seu, estávamos em alta velocidade e bêbados.
- Não pode, não posso deixar minha mãe só, ela não vai aguentar mais uma perda, perdemos meu pai há menos de um ano. - gritava e chorava o filho da pecadora.
- Infelizmente aconteceu, sentimos muito, e estamos aqui esperando nossa vez de sermos julgados pelos nossos atos.
Maracá, 26 de dezembro de 2008.
08:45.
Vai em paz meu filho, não sei como vou aguentar sua ausência, já estava sendo difícil viver sem seu pai, imagina agora sem você.
13:45.
Como ser humano, sua mãe questionou tudo o que estava ocorrendo em sua vida...
Sem respostas imediatas, começou a entrar na vida (que nenhuma pessoa no mundo deveria pensar em passar um dia), das drogas.
Uma mulher no auge da vida, uma mulher tranqüila, deixou-se levar pela fraqueza, e pelo desespero, a ponto de tentar acabar com sí mesmo para esqueçer os problemas.
Covardia? Julgar é fácil quando não se passa o que esta pobre mulher passou.
6 meses depois, Junho de 2009.
Alessandra foi internada, e no internato conheceu Jesus, conheceu a palavra do Senhor, e sua vida mudou.
Muitos questionamentos não foram respondidos, mas de uma coisa, hoje ela sabe, "A vida é uma passagem, cada um tem o seu tempo, temos que ser forte, porque a única certeza que temos na vida: é a morte".
Arnoldo Filho
A polícia foi acionada, eram nove horas da noite, e a rua estava lotada, de longe via-se o tumulto causado por uma batida de carro.
Indentificado 4 pessoas em um carro, somente 2 sobreviventes, no outro carro apenas uma pessoa, morta.
Depois de indentificar cada pessoa, a família dos mesmos são chamadas para o local, para cada um tomar providência do que seria feito com cada pessoa morta, e o acompanhamento dos sobreviventes.
- Mãe? O que a senhora está fazendo aqui? Porque a senhora chora? Fala comigo, porque não me ouve?
- Salve-o, ele é tudo que tenho na vida. - gritava uma mãe ao chão, desesperada.
- Salvar quem mãe? Mãe, porque não me ouves? Porque mãe? - aos gritos.
Maracá, 25 de dezembro de 2008.
Jornal do dia:
08:34.
Um grupo com 4 jovens voltava de uma festa quando bateram em outro carro, duas pessoas morreram no exato momento, outros dois estão em estado grave na UTI do Hospital Geral de Maracá. No outro carro, só tinha um rapaz, que morreu na batida.
19:30.
Porque meu Deus, porque tenho que passar por isto? - falava e chorava uma mãe, por causa da perda de um filho.
- Mãe, por que não fala comigo, porque não olha pra mim? - chorava seu filho enquanto falava.
- Ela não lhe ouve.
- Quem está falando comigo?
- Nós sofremos um acidente, e não sobrevivemos...
- Como? Eu estou morto? Não pode, cheguei em casa do trabalho, e dormi, quando acordei, estava na rua aqui em frente com minha mãe chorando ao meu lado.
- Nós estávamos voltando de uma festa quando perdemos o controle do carro e batemos no seu, estávamos em alta velocidade e bêbados.
- Não pode, não posso deixar minha mãe só, ela não vai aguentar mais uma perda, perdemos meu pai há menos de um ano. - gritava e chorava o filho da pecadora.
- Infelizmente aconteceu, sentimos muito, e estamos aqui esperando nossa vez de sermos julgados pelos nossos atos.
Maracá, 26 de dezembro de 2008.
08:45.
Vai em paz meu filho, não sei como vou aguentar sua ausência, já estava sendo difícil viver sem seu pai, imagina agora sem você.
13:45.
Como ser humano, sua mãe questionou tudo o que estava ocorrendo em sua vida...
Sem respostas imediatas, começou a entrar na vida (que nenhuma pessoa no mundo deveria pensar em passar um dia), das drogas.
Uma mulher no auge da vida, uma mulher tranqüila, deixou-se levar pela fraqueza, e pelo desespero, a ponto de tentar acabar com sí mesmo para esqueçer os problemas.
Covardia? Julgar é fácil quando não se passa o que esta pobre mulher passou.
6 meses depois, Junho de 2009.
Alessandra foi internada, e no internato conheceu Jesus, conheceu a palavra do Senhor, e sua vida mudou.
Muitos questionamentos não foram respondidos, mas de uma coisa, hoje ela sabe, "A vida é uma passagem, cada um tem o seu tempo, temos que ser forte, porque a única certeza que temos na vida: é a morte".
Arnoldo Filho
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